O terror existente na literatura do Stephen King, embora vasto na execução, tem elementos bem recorrentes. Em sua grande maioria, envolve crianças e isso não é por mero acaso.Do ponto de vista infantil, qualquer sombra pode se tornar um monstro. Do ponto de vista adulto, é perturbador ver o mal dominar um ser inocente. Esse incômodo, independente de onde ele venha, é a essência de tudo o que há mais terrível em Cemitério Maldito.
Olhar para Cemitério Maldito depois de algumas décadas ainda é relevante, em especial pela eficiência e pelo poder de seu terceiro ato, que revela pouco e cria uma angústia. As lentes parecem saber tão pouco do que está acontecendo quanto os próprios personagens. Esse sentimento potencializa o terror do que está por vir, por mais que algumas resoluções de roteiro soem forçadas, mais uma vez, a pressa da montagem prejudica o resultado aqui.
Ainda é um filme com bons efeitos práticos, um texto interessante e que revela as consequências de não saber lidar com a perda. Nesse sentido, a obra se mantém interessante e, se relevado o ritmo pouco ágil de algumas sequências, segue como um ótimo exemplar do hoje nostálgico terror do final dos anos 80, assim como uma boa adaptação de um dos romances mais terríveis de Stephen King.
Stephen King é dez como autor.
Cemitério Maldito
Pet Sematary
Estados Unidos, 1989.
De Mary Lambert.
Com Dale Midkiff, Fred Gwynne, Denise Crosby, Brad Greenquist.
103 minutos.
