A Princesa e o Plebeu (1953) alçou Audrey Hepburn à estrela de Hollywood. O papel de princesa que decide passear anonimamente em Roma e acaba envolvida com um repórter (Gregory Peck), rendeu à atriz o Globo de Ouro, o Bafta e o Oscar – o longa ainda levou roteiro original e figurino PB na premiação.
O diretor William Wyler, que desejava Jean Simmons para o projeto, se rendeu à novata Audrey. Ela e Peck nos levam a uma viagem pelo cotidiano da capital italiana. Virou clássico, cult, e influenciou diversas produções.
Entre elas, uma em especial igualmente conquistou corações mundo afora: Um Lugar Chamado Notting Hill, cuja première nos Estados Unidos completou vinte anos em 13 de maio. No Reino Unido, onde acompanhamos a história, estrearia em 21 do mesmo mês. Por aqui, chegaria somente em 30 de julho de 1999.
Dirigido por Roger Michell (Amor Para Sempre, 2004), tem roteiro de Richard Curtis, de extenso e admirável currículo: escreveu os scripts de Quatro Casamentos e um Funeral (1994), O Diário de Bridget Jones (2001) e sua continuação, Simplesmente Amor (2002, o qual também dirigiu), entre muitos outros trabalhos. Todos esses citados são estrelados por Hugh Grant.
Notting Hill, no título original, traz o encontro entre Grant e ninguém menos que Julia Roberts. A história é espécie de versão contemporânea para A Princesa e o Plebeu: a estrela de cinema Anna Scott (Roberts), perseguida pelos paparazzi numa visita a Londres. decide se esconder na casa de um sujeito comum, William (Grant), proprietário de pequena livraria especializada em guias de turismo. Daí em frente todos sabemos o que acontece. Mas o charme do casal, a trilha sonora deliciosa (em especial She, por Elvis Costello) compensam todos os clichês.
A trama exala charme. Desde o casal protagonista, de química notável, até o elenco de coadjuvantes como Rhys Ifans (o Lagarto de O Espetacular Homem-Aranha, 2012) no papel de Spike, o excêntrico amigo e colega de casa do protagonista, James Dreyfus como Martin, funcionário da livraria, e até a ponta de Alec Baldwin vivendo o namorado esnobe de Anna Scott.
Repleto de cenas sensíveis, engraçadas (a piada sobre os salários astronômicos de Hollywood) e de bom gosto, como a passagem de tempo representada pelo plano-sequência nas ruas do bairro que dá nome ao filme, Um Lugar Chamado Notting Hill tornou-se clássico do cinema contemporâneo, reprisado várias vezes.
Sabemos mais ou menos os caminhos e desfechos das situações apresentadas e, mesmo assim, nos deixamos envolver. Repete a coletiva de imprensa de A Princesa e o Plebeu. Mas ganhou personalidade própria.
Orçado em US$ 43 milhões, arrecadou mais de US$ 363 milhões. Sucesso absoluto. Teve três indicações ao Globo de Ouro e a mesma quantidade ao Bafta, o Oscar britânico, ganhando o prêmio da audiência.
É o tipo de obra capaz de esquentar nossos corações, assim como Simplesmente Amor, Letra e Música (2007, Grant novamente), Amor em Jogo (2005) (esses dois últimos com a Rainha das comédias românticas, Drew Barrymore), Escola de Rock (2004), etc. São trabalhos que trazem leveza, esperança, doçura, certa pieguice encantadora e fazem falta no cinema atual.
Um Lugar Chamado Notting Hill
Notting Hill .
Reino Unido, Estados Unidos. 1999.
Direção: Roger Michell.
Com Julia Roberts, Hugh Grant, Richard McCabe, Rhys Ifans, James Dreyfus.
124 minutos.