Em 1993 grandes veículos de imprensa que não davam a menor bola para a histórias em quadrinhos passaram a noticiar a nona arte. O motivo? A DC Comics anunciara que mataria seu personagem pioneiro: o Super-Homem. No Brasil, até o Fantástico, se bem me lembro, chegou a repercutir o fato. Superman surgiu em 1938 pelas mentes e talentos da Jerry Siegel e Joe Shuster. Inaugurou a Era de Ouro dos gibis. É o primeiro super-herói, ou ao menos o primeiro extremamente popular do gênero.
A indústria de HQs mudaria completamente após seu lançamento. 25 anos atrás, as vendas de gibis estavam em baixa. A ideia da editora foi chocar o mundo, reascender o interesse do público – além dos fãs hardcore – pelo segmento. Por aqui, a saga de sacrifício do Último Filho de Krypton foi publicada pela Abril como A Morte do Superman, que mostra do surgimento do monstrengo Apocalypse até a troca de golpes finais e fatais trocados entre o herói e a criatura.
Seguiu na minissérie Funeral Para um Amigo, em Super-Homem: Além da Morte, digna dos contos espíritas de Zíbia Gasparetto, e outra minissérie, O Retorno de Super-Homem. Posteriormente chegaria às bancas a série especial Super-Homem Versus Apocalypse: A Revanche. Se os diretores de redação da Globo e outros grandes órgãos de imprensa acompanhassem mais de perto os quadrinhos, perceberiam que ninguém fica morto muito tempo, principalmente o maior de todos os personagens dessa mídia.
Um ano antes, Batman: A Série Animada conquistava corações e mentes de público e crítica e iniciava o universo animado DC. Vieram outras séries e a Warner, estúdio responsável pela editora, passou a produzir longas-metragens em animação de excelente qualidade. Não tardaria às grandes sagas saírem do papel e ganharem suas versões em DVD. Em 2007, foi lançado o filme Superman: Doomsday, parcialmente baseado em A Morte do Super-Homem.
O fato do Azulão, no longa, enfrentar Apocalypse e padecer foi o suficiente para que no Brasil o título ressoasse a famosa saga dos gibis. A diferença: Lex Luthor cria um clone do kryptoniano, que acaba virando um segundo algoz quando o protagonista retorna do túmulo. Era a primeira bola fora do universo animado DC, bastante abaixo da qualidade de outros filmes produzidos pelo estúdio.
Talvez seja por isso que a Warner lance agora um novo A Morte do Superman. O fã mais ardoroso que espere uma versão fiel às HQs precisará ter paciência: a trama basicamente é a mesma do papel, em linhas gerais. Aqui Lois Lane é apaixonada por Clark Kent mas desconhece, ainda, a dupla identidade dele. Ao contrário do que acontecia na história original. A Liga da Justiça derrotada por Apocalypse não é a mesma da época da saga. Em 1993 a Liga reunia personagens do segundo time: Besouro Azul, Gelo, Fogo, Guy Gardner, etc.
Nesta versão o grupo é inspirado na fase Os Novos 52 dos quadrinhos, quando a DC reiniciou seu universo. Na verdade este A Morte do Superman é continuação direta dos filmes feitos nos últimos anos, todos inspirados em tal período dos gibis e que rendeu Liga da Justiça: Guerra (2014), O Trono de Atlântica (2015), Liga da Justiça e os Jovens Titãs – União em Ação (2016) e Liga da Justiça Sombria (2017), além de outras tramas solos do Batman e dos próprios Titãs. Tanto que Superman e Mulher-Maravilha (dublada por Rosario Dawson, a Claire das séries Marvel/Netflix) viveram um romance e só depois o Homem de Aço apaixona-se por Lois.
Repleto de ação e momentos emocionantes, o filme mantém o bom nível das animações DC e já tem continuação garantida para 2019, com a adaptação de O Retorno do Superman.
A Morte do Superman
The Death of Superman.
2018. EUA.
Direção: Jake Castorena, Sam Liu.
Com vozes de Jerry O’Connell, Rebecca Romijn, Rainn Wilson, Rosario Dawson, Nathan Fillion, Christopher Gorham, Jason O”Mara.
81 minutos.