Impossível não se apaixonar por “La La Land – Cantando Estações”. Desde que foi ovacionado no Festival de Veneza o filme encanta plateias mundo afora, arranca aplausos entusiasmados de cada espectador.
Enquanto cada cena, diálogo ou número musical surgia, sentia o coração bater mais forte, os olhos lacrimejarem de empolgação, admiração. Não apenas com a história em si, mas pela sensação de presenciar algo especial.
O jovem diretor e roteirista Damien Chazelle ganhou o mundo com “Whiplash” (2014). Prestes a completar “apenas” 32 anos, possui o domínio cinematográfico de um veterano. Cada momento do filme vem carregado de garra, emoção, segurança e um otimismo que faz falta no mundo cada vez mais cínico de hoje. “La La Land” é essencial para os dias que correm.
Emma Stone e Ryan Gosling, dois dos atores mais simpáticos e completos da Hollywood atual, ambos no auge, vivem Mia e Sebastian. Ela, atriz em busca trabalho. Ele, pianista que pretende “salvar” o jazz.
O cenário para os encontros e desencontros da dupla não poderia ser outro: Los Angeles, a terra dos sonhos. Para onde rumam anualmente milhares de pessoas. E que é um personagem à parte: o longa é uma carta de amor à cidade, seus estúdios de cinema, cafés, residências, sua diversidade, o trânsito caótico das vias principais.
Não que a trama seja previsível. Pelo contrário. Quando esperamos determinado rumo, o cineasta nos surpreende e a leva a outro patamar. Pois abraça o novo e o antigo. Insere canções de maneira orgânica tal qual o irlandês John Carney faz em suas produções “Apenas Uma Vez” (2007), “Mesmo se Nada Der Certo” (2013) e “Sing Street” (2016). Porém sem se desapegar completamente das tradições, principalmente as norte-americanas.
Por que “La La Land” homenageia o jazz, gênero musical alicerce da cultura estadunidense. Que Chazelle reverenciou em “Whiplash” e é presença constante na filmografia de Woody Allen. Allen que nos apresentou recentemente a outro jovem casal sonhador em outra ode ao município californiano: “Café Society” (2016).
Por que “La La Land” reverencia as obras de Vincente Minnelli, Bob Fosse, os musicais clássicos da MGM. Vai além. Reverencia o cinema em si, sem se ater a fronteiras. Remete ao lírico francês “Os Guarda-Chuvas do Amor” (1964), de Jacques Demy e estrelado por Catherine Deneuve.
Tecnicamente o filme é uma maravilha.
Desde a trilha sonora por Justin Hurwitz e canções doces e empolgantes como “City Of Stars”, que esse compôs junto a Benj Pasek e Justin Paul. E a montagem por Tom Cross. Tom e Justin repetem a parceria de dois anos atrás com o diretor.
Passando pela bonita fotografia por Linus Sandgren (“Trapaça”), que nos apresenta uma L.A. ora morna, ora colorida. Ou o figurino por Mary Zophres (“Interestelar”) e a direção de arte por Austin Gorg (“Demônio de Neon”), que nos embarcam nessa viagem de sonhos, desejos, sentimentos e estações.
E, claro, a escolha de elenco por Deborah Aquila e Tricia Wood, que além dos protagonistas repetindo a química de “Amor a Toda Prova” (2011), trouxeram – novamente – o vencedor do Oscar de ator coadjuvante, J.K. Simmons (“Whiplash”), e o compositor, músico, cantor e ator John Legend em pequena e marcante participação. Ele que venceu o Oscar de melhor canção por “Glory” em parceria com o rapper Common no pungente “Selma” (2014).
Timaço reunido em prol da história, das trajetórias de Mia e Sebastian. Jornada ao mesmo tempo lúdica e tão real que, acima disso tudo, tem alma (alma!). E serve de alegoria para as nossas vidas, as decisões tomadas, os sonhos que buscamos e os que deixamos pelo caminho, quando imaginamos como teria sido caso algumas escolhas fossem diferentes.
Certamente uma das mais prazerosas experiências cinematográficas que tive em muito tempo e que desejo vivenciar mais vezes. Um musical que emociona a todos e, especialmente, quem ama essa arte chamada CINEMA.
La La Land: Cantando Estações
La La Land
EUA. 2016.
Direção: Damien Chazelle.
Com Emma Stone, Ryan Gosling, J. K. Simmons, John Legend.
128min.
To ansiosa para assistir! !