
“Menina de Ouro” levou quatro estatuetas do Oscar: Filme, Direção (para Clint Eastwood), Atriz (Hylary Swank) e Ator coadjuvante (Morgan Freeman). Mereceu cada uma delas.
A trama sobre “menina” de 30 anos que deseja aprender boxe com treinador experiente e até então machista, aborda de maneira peculiar assuntos já retratados no cinema – “o mestre e a aprendiz” e “boxe” são temas manjados e eutanásia é tópico dos mais delicados.
Mas não há exageros no filme. O cineasta Clint Eastwood e o roteirista premiado Paul Haggis (diretor e responsável pelo roteiro do vencedor do Oscar “Crash – No Limite”), conceberam uma estrutura simples e eficiente, utilizando situações extremamente naturais – a cena em que Eastwood se delicia com uma torta de limão em um restaurante no meio do nada é puro cotidiano (e bela) – beneficiadas por uma direção sóbria e ótimo elenco.
O veterano diretor, como costuma fazer, levou pouco tempo para realizar o longa (38 dias) e manteve seu status de autor de obras tristes e líricas, como pôde ser comprovado anteriormente em “Sobre Meninos e Lobos” e depois em “Cartas de Iwo Jima”.
Com atuações fabulosas, Clint e Morgan Freeman surgem em cena demonstrando química surpreendente (já haviam atuado juntos em “Os Imperdoáveis”). O primeiro como alguém tentando superar a culpa por estar longe da filha. O segundo na pele de um ex-lutador que ficou cego de um olho.
E há Hilary Swank. A atriz, premiada duas vezes pela Academia (venceu também por “Meninos Não Choram”) não possui a beleza de uma diva, mas há algo de muito especial nela. Singela, sempre consegue dar intensidade e sensibilidade a suas personagens, seja numa menina pobre que busca vencer na vida, como aqui, ou no hermafrodita interpretado por ela em “Meninos Não Choram”.

Ela é aquele tipo de mulher que no colégio provavelmente não fazia grande sucesso entre os garotos mais populares, mas despertava a atenção daquele cara mais sensível. Aquela menina que precisa ser conhecida para ter desvendada sua beleza (e que beleza, vide sua aparição com um vestido que deixava as costas visíveis quando recebeu a estatueta do Oscar pelo filme). Ela tem dos sorrisos mais cativantes do cinema contemporâneo, muito talento e se entrega de corpo e alma aos seus papéis. Precisou de três meses para se preparar fisicamente antes do início das filmagens, período em que ganhou quatro quilos e meio de massa muscular.
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“Menina de Ouro” venceu também dois Globos de Ouro, em Direção e novamente Atriz (Swank), entre mais de 40 prêmios ao redor do mundo, e acaba sendo aquela história que jamais cansa o espectador. É um drama forte, que se utiliza da tragédia e do remorso e a perspectiva de superação para se transformar em inspiração para quem o assistir.
MENINA DE OURO
(Million Dollar Baby, EUA, 2004).
Direção: Clint Eastwood.
Roteiro: Paul Haggis, baseado em histórias de F.X. Toole.
Elenco: Hilary Swank, Clint Eastwood, Morgan Freeman, Michael Pena.
Drama.
137 minutos.
Estreia no Brasil: 11/02/2005.
Disponível em diferentes edições de DVD e Blu-ray.
Principais prêmios e indicações:
– Oscar: Filme, Direção, Atriz (Hilary Swank), Ator coadjuvante (Morgan Freeman).
– Indicação ao Oscar: Roteiro adaptado, Montagem, Ator (Clint Eastwood).
– Prêmio da Academia Japonesa: Filme estrangeiro.
– Críticos de Boston: Melhor atriz (Hilary Swank).
– Associação dos críticos de Chicago: Diretor.
– César: Filme estrangeiro.
– Sindicato dos Diretores da América (DGA): Realização proeminente em cinema.
– Críticos da Austrália: Filme estrangeiro.
– Globo de Ouro: Diretor, Atriz (Hilary Swank).
– Indicação ao Globo de Ouro: Melhor filme dramático, Trilha sonora original, Ator coadjuvante (Morgan Freeman).
– Indicação ao Grammy: Álbum de trilha musical para filme, TV ou outra mídia visual.
– Sociedade dos Críticos de Cinema da América: Filme, Atriz (Hilary Swank).
– National Board of Review: Prêmio especial (Clint Eastwood).
– Críticos de Nova York: Diretor.
– Críticos de San Diego: Diretor, Trilha sonora.
– Sindicato dos Atores da América (SAG): Atriz (Hilary Swank), Ator coadjuvante (Morgan Freeman).
– Críticos de Seattle: Filme, Diretor.
– Críticos de Vancouver: Diretor, Ator Coadjuvante (Morgan Freeman).