Doom – Geração Maldita (The Doom Generation, EUA, 1995). Direção e roteiro: Gregg Araki. Roteiro: Elenco: Rose McGowan, James Duval, Johnathon Schaech. Ação / Crime. 85 min. (Cor).
Segunda parte da “trilogia adolescente apocalíptica” – que também inclui “Totally F***d Up” (1993) e “Nowhere” (1997) – concebida pelo diretor e roteirista Greg Araki, “Doom – Geração Maldita” (1995) é um filme que tem tudo para agradar fãs de Robert Rodriguez (“Sin City” e “Planeta Terror”) e quem gosta de assistir tramas repletas de violência, sexo e um certo grau de psicodelia.
O longa-metragem não precisa de muito tempo e de um roteiro convencional para chamar a atenção. Pois já começa dando um chute na porta e chocando mentes puritanas, com um início repleto de palavrões, para depois alternar altas sequências de sexo (incluindo o famoso “ménage à trois”) do jovem Jordan White (James Duval), da garota Amy Blue (Rose McGowan, de “Planeta Terror”, cuja atuação lhe rendeu uma indicação ao Independent Spirit Awards de Revelação) e do desocupado Xavier Red (Johnathon Schaech), e assassinatos.
Os caminhos dos três se cruzam quando Jordan e Amy decidem apanhar Xavier no caminho em direção a uma boate. Depois que entram em uma loja de conveniência, acontece um grande desastre. Acidentalmente, eles matam o proprietário oriental do estabelecimento e em seguida fogem para um motel. A partir daí, se desenrolam todas as relações conturbadas e violentas que vão permear a vida do trio, criando inclusive, um triângulo amoroso completamente atípico.
O filme trata-se de uma derivação das obras de Robert Rodriguez e Quentin Tarantino, repleto de “gore”, sexo, mortes, membros decepados, escatologia e tons psicodélicos, que ironiza a geração 90, e tem cenas que remetem a “Assassinos Por Natureza” (cujo roteiro era de Tarantino, mas a influência aqui é dissipada pela ausência de citações pop e diálogos interessantes), que mesmo treze anos depois de lançado, deve chocar mentes conservadoras. Mas o filme soa altamente divertido para quem não o levar a sério. E claro, a presença de Rose McGowan (que trabalharia com Rodriguez e Tarantino em no projeto “Grindhouse”) novinha, exibindo muitas de suas curvas, é um grande atrativo.
Assim, se encarado como diversão trash, o espectador talvez não ligue tanto para os excessivos “666” que surgem frequentemente na trama, a cabeça decepada que continua falando, os quartos de motel coloridos ou as pessoas que aparecem pelo caminho dos três, dizendo-se lembrar de Amy e, em seguida, tentando matá-la – quem não encarar a produção assim, deverá achá-la completamente “sem pé nem cabeça”.
Os atores encarnam com perfeição seus personagens, com aquele estilo um pouco “junkie”, largado, de rebelde sem causa autodestrutivo. E a direção de Araki (sem trocadilhos) não poupa closes nos miolos estourados, jorros de sangue e cenas tórridas de sexo.
Destaque para a trilha sonora, com músicas de artistas comemorados da década passada como Nine Inch Nails, Porno For Pyros, Jesus & Mary Chain, Aphex Twin, Pizzicato Five e The Verve, entre outros.